O que é ser “INTELIGENTE”?

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Por Ana Burke

Possuir uma boa capacidade de aprender e memorizar não é “ser inteligente”, seguir instruções e fazer uma tarefa bem feita não é “ser inteligente”. Uma máquina têm uma memória programada, segue instruções e realiza tarefas bem feitas.

Ser inteligente é ser capaz de lidar com as adversidades, interagir com todos os tipos de pessoas e as coisas do mundo sem excluir ou discriminar. É não se isolar em um determinado grupo e ter uma boa capacidade para resolver problemas humanos e de relacionamento. 

Na maioria das vezes o bom funcionário não é o mais inteligente, mas o mais obediente, aquele que segue instruções.

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No Sistema Educacional, na escola, o bom aluno é aquele que têm uma boa memória, segue as instruções do professor e dá as respostas esperadas. Os assuntos que levam a questionamentos e desenvolvem a capacidade de pensar e refletir devem ser evitados e são menos valorizados como por exemplo história, ciências e filosofia. Os outros sistemas precisam de pessoas que se comuniquem razoavelmente e saibam matemática o suficiente para alimentar as necessidades do mercado de trabalho sem muitos questionamentos.

Os alunos e a maioria dos professores de história acreditam piamente que a história contida nos seus livros didáticos é verdadeira e inquestionável. Filosofia é um conteúdo extremamente perigoso e o seu estudo foi abolido. O ensino religioso é permitido mas não inclui o estudo da história da religião, o estudo da mitologia, a história da mitologia, assim como não inclui o estudo dos fundamentos dos dogmas da igreja, a história dos papas e concílios da igreja, assim como um estudo aprofundado da chamada “reforma”. Devido a isto o que se chama de “ensino religioso” não é, nada mais e nada menos, do que uma complementação daquilo que se vê e ouve nas igrejas, incluindo o estudo de partes “alienatórias” da bíblia. Eu diria que o ensino religioso como é praticado nas escolas não passa de doutrinação ou adestramento já que os professores, na maioria das vezes, estão vinculados a uma determinada religião.

Nas escolas, a história das religiões e a história política nunca devem ser discutidas ou ensinadas nas escolas, sendo que, sobre os assuntos em questão, o ideal, é apresentá-los aos alunos da forma o mais superficial possível. Os próprios pais poderiam exigir a saída do professor se este se atreve a apresentar fontes de historiadores que levem os alunos a questionar estes sistemas. O aluno deve ser treinado para obedecer, e não para questionar

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No sistema religioso o bom crente é aquele que obedece o pastor ou sacerdote, segue os passos ensinados, memoriza os dogmas e obedece incondicionalmente qualquer instrução. O trabalho de convencimento e inculcação dos dogmas é exaustivo e inclui orações e cultos e, em algumas religiões, várias vezes ao dia.

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Para o sistema social o mais inteligente é aquele que têm um trabalho fixo, segue todos os parâmetros sociais estabelecidos e paga em dia os seus débitos, tem um bom crédito, uma excelente conta bancária de preferência, é obediente às leis vigentes, lê pouco, questiona pouco, estuda o básico, assiste muita televisão, consome muito, vive de aparências e sustenta um status, podendo ou não, chamado social, e que trás muito mais deveres do que direitos e quanto menos consciência destes direitos tiver, melhor.

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Para o Sistema político, o mais inteligente é aquele que “tem jogo de cintura”, mente bem, parece agradável aos olhos da maioria, promete sem necessáriamente ter que cumprir, é obediente aos dogmas estabelecidos pelo sistema internacional e sabe interagir com todos os outros sistemas, conhece as necessidades destes sistemas e faz o que é melhor para manter estes sistemas o que não significa fazer o que é melhor para a população em geral. Fazer leis e apresentar projetos é importante mas não há necessidade de projetos que beneficiem a população. Prioritariamente estes projetos devem ser projetos que sejam de interesse destes sistemas. Uma pessoa com escrúpulos e muito honesta é inadequada ao sistema político, mas é fundamental que pareça honesta aos olhos dos eleitores em geral.

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Os Silvícolas

Os silvícolas (selvagens), não interessam a nenhum sistema. Não pagam impostos, não trabalham para obter ou dar lucro aos sistemas que regem o mundo “civilizado” e, por isto, não estão sujeitos, não sabem obedecer, não precisam de estradas, não usam drogas e remédios industrializados e por isto não são dependentes do sistema farmacêutico, não usam roupas, não compram alimentos, não votam, não necessitam comprar casas e por isto não pagam aluguel, não precisam de água encanada ou eletricidade, não têm conta bancária, não usam cartão de crédito, não presisam de dinheiro, de carro, de jóias, de sapatos, de cirurgias plásticas ou de cirurgia alguma, não têm colesterol ou pressão sanguinia alta porque andam muito e só se alimentam de alimentos naturais não industrializados.

Como eles são totalmente independentes dos sistemas formadores do mundo chamado civilizado, eles são classificados como selvagens. Por isto a necessidade de civilizar os silvícolas. O Sistema religioso, econômico, financeiro e político precisam que se submetam e necessitem de bens industrializados de consumo. Quando se quer civilizar uma pessoa esta fica a cargo, primeiramente, do Sistema Religioso. Este vai ser o responsável por ensiná-la, em primeiro lugar, a obedecer e a ser útil para os outros sistemas em geral. Quando os negros vieram como escravos para as Américas, a primeira coisa a fazer foi ensiná-los a ser obedientes ao seu Senhor e pra isto tiveram que ser treinados a adorar os deuses deste Senhor. Adorar significa “dobrar a cerviz” e isto pode ser perfeitamente constatado em todas as reliigiões. Os muçulmanos, de rosto no chão e totalmente adestrados são obrigados a orar cinco vezes ao dia. Os Católicos precisam rezar o “Rosário” que têm a mesma função que as orações dos muçulmanos: Inculcar mentiras, repetir estas mentiras e rituais até que a mentira se transforme em verdade na mente do infeliz é o que se chama doutrinar. Doutrinar é simplesmente treinar, adestrar pessoas prometendo a elas castigos e recompensas da mesma forma como se faz com um cão quando é ensinado a sentar, levantar a pata e lamber a mão do dono. Assim como o cão fica dependente do dono, os silvícolas são treinados para ter um dono (antes eram livres), amar este dono e ser sujeitos a ele. E quando o treinamento termina, estes deixam de ser selvagens e se tornam então civilizados passando a dar lucro para os sistemas e passando a ter as mesmas necessidades de um cão que têm um dono ou de um pássaro na gaiola. Se o dono não dá alimento a este cão ou a este pássaro, ele morre.

Alguns ingênuos tentam justificar as barbaridades cometidas contra os indígenas alegando que os mesmos praticavam ou praticam sacrifícios humanos. Pode ser, mas não da forma como os cristãos acreditam e são neles inculcados para conveniência do sistema religioso que necessita muito igualá-los a animais. Não é isto o que afirma Bartolomé de Las casas e outros historiadores que conviveram de perto com os indígenas das Américas na época das “descobertas”.

Sabemos que para um indígena a criança e o velho merecem muito respeito e são tratados com reverência. Um pai ou uma mãe indígena sempre fala com a criança olhando nos olhos e se abaixam para ficar na mesma altura desta. Os filhos são educados para serem guerreiros e defender a tribo e NUNCA são ensinados a oferecer a outra face ao inimigo, ou seja, os indígenas nunca educam um filho para ser COVARDE.

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O que é “independência”? 

Todos estes sistemas integrados trabalham para matar a “inteligência” transformando o “ser pensante” em ser obediente e servil, civilizado, e só então, este passa a ser útil a todos os sistemas que, em conjunto, forma o que se chama “sociedade”. 

No mundo civilizado os pais vão sempre repetir a educação que tiveram e que eles têm como a mais correta, impondo-a aos filhos que vão continuar reproduzindo os mesmos ensinamentos às gerações vindouras, ou seja, esta é a verdade, a única forma de viver e fora disto não há salvação.

Ninguém, por mais esclarecido que seja, consegue fugir destes sistemas. Todos são submetidos a eles quer queiram ou não. A diferença entre os seres humanos é que alguns são conscientes da própria escravidão e outros, a maioria, não têm a menor noção de coisa alguma.

O maior inimigo do desenvolvimento da inteligência e do “pensamento livre” está dentro dos próprios lares dos seres humanos modernos: A televisão. Ela dita a moda, mata a criatividade do ser humano, muda comportamentos, trabalha para todos os sistemas sociais, trabalha a favor da classe dominante e é responsável pelo adestramento de milhares de pessoas que se tornam dependentes e escravas do chamado “mundo civilizado”.

A pessoa inteligente não se senta no sofá, e fica vendo a vida acontecer por detrás de uma tela e não se contenta com os conhecimentos básicos adquiridos na escola fazendo destes conhecimentos um fim em si mesmo ou uma verdade absoluta e imutável. Ele sai andando, perscrutando, observando e interagindo com o meio. A pessoa inteligente é aquela que sabe que não sabe, que sabe que pode estar errado e sabendo que está errado, investiga, investigando aprende e aprendendo ainda têm dúvidas. Toda a pessoa que diz ter certeza a respeito de algo, está estagnada. É do tipo que se considera evoluída.

A pessoa inteligente sabe que ninguém é ignorante, mas está ignorante. Ela sabe que a ignorância não é uma condição permanente, mas passageira. A ignorância não é uma praga, não é um nome feio, não é uma ofensa, mas um estado mutável. A ignorância não é, portanto, absoluta e ninguém é absolutamente ignorante assim como ninguém é absolutamente sábio.

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Para ser considerado inteligente, é necessário ser “independente”?

Ter uma trabalho e ganhar um salário não faz ninguém independente. Independente é a pessoa que conhece a si mesmo. suas limitações e respeita as limitações do outro sem explorar a ignorância desta para benefício próprio. A pessoa independente não é aquela que não precisa dos sistemas ou de outras pessoas para sobreviver, mas aquela que é consciente e têm conhecimento do mundo, não se sujeitando aos dogmas que outros seres humanos impõe como verdade absoluta a outros sem analisar as injustiças envolvidas e incutidas nestes dogmas. Todos os seres vivos são dependentes de alimento, de oxigênio e de outros seres vivos para manter a própria vida. Portanto a independência absoluta, assim como o “Livre arbítrio” não existem.

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